Durante o mês de junho ainda mantemos, ao menos em pequenas comunidades e mais forte ainda nas comunidades rurais, as celebrações dos santos com festas típicas.
As festas são expressões da necessidade que temos de dar um sentido ao tempo, de sermos nós que conduzimos os acontecimentos e não eles que nos determinam. Temos necessidade de fazer diferente, de agir naquilo que não pode ser o determinante de nossa existência. O tempo cronológico é inexorável, não pode ser controlado. O tempo da festa é marcado pelo sentido da própria existência.
Assim o celebrar fazendo festa é marcar o acontecimento da vida com o sentido de que ela é eterna. A festa nunca se acaba. Enquanto houver alegria, haverá festa; enquanto houver vida, a festa continua. E a cada ano ou a cada data marcada por um evento particular e especial, fazemos festa. Com isso queremos expressar que sentimos que a vida nunca se acaba, a vida não passa. Mesmo diante da realidade da morte, nós a olhamos como um acontecimento marcado pela dor sim, mas cujo fim não é o aniquilamento, mas é transformação em seu sentido mais elevado: a vida atinge sua plenitude, pois como rezamos, “Senhor, para os que crêem em Vós, a vida não é tirada, mas transformada e, defeito este nosso corpo mortal, nos é dado nos céus um corpo imperecível” [Prefácio da missa pelos falecidos].
O que fazemos portanto quando celebramos os santos como, São Pedro, São Paulo, São João, Santo Antonio, São Tomé, santos Protomártires da Igreja de Roma e tantos outros?
Veneramos aqueles que viveram como nós. Eles descobriram o tesouro escondido no campo e trocaram tudo para possuí-lo, inclusive a própria vida unindo-a com a Cordeiro que tira o pecado do mundo. Ao celebrar os santos, reconhecemos o agir de Deus neles e tamanho grau que nada neste mundo os impediram de encontrar o Criador e transformar suas vidas naquele que é o principio de todas as coisas.
Os santos são nossos irmãos e por isso mesmo podemos confiar em suas palavras e exemplos e acreditar em Deus que os transportou para o Reino de seu Filho bem amado [Col 1,13].
O que fizeram para serem santos?
Primeiramente lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro [Ap 7,14], quer dizer, viveram como a Palavra que ouviram e colocaram em prática [Lc 11,28]. O caminho que percorreram é não outro senão o próprio Cristo em sua realidade da cruz e com Ele alcançaram a imortalidade na ressurreição.
Assim a verdadeira devoção consiste em conhecer a pessoa, palavras e/obras do santo e imitar sua vida para com ele alcançar a comunhão de vida com Deus.
Festejar os santos é estar com eles na presença do Cordeiro imolado e experimentar já aqui na terra a eternidade, esse “tempo” que com Deus é eterno. É felicidade sem fim.