Ser PASCOM
 
Esse pequeno manual sobre “Ser Pascom” foi elaborado pelo Pe. Benedito Spinosa para a CNBB. Com certeza é um bom instrumento para quem está começando e para aqueles que pretender reanimar a Pascom.
 
Como os dois remos, necessários para tocar o barco que sobe a correnteza, a Pastoral da Comunicação deve desenvolver duas dimensões complementares; só assim, se manterá e chegará ao lugar certo.
 
A primeira dimensão é a busca de “integração” em favor da Pastoral de Conjunto na Igreja; a segunda, é a construção de uma relação “missionária” da Igreja com o mundo.
 
A Igreja é servidora; por isso, a Pastoral da Comunicação coloca-se como parceira de todos os que, pela comunicação, querem fazer uma sociedade mais solidária, justa e fraterna.
 
A comunicação não é apenas um meio para a solidariedade; é a primeira e mais básica manifestação de solidariedade.
 
A Pastoral da Comunicação, portanto, procura ajudar na integração da comunidade e, ao mesmo tempo, participar da ação da comunidade na sociedade, sempre sem perder de vista a construção do Reino a que somos chamados por Cristo.
 
PERFIL DO COMUNICADOR
 
“O comunicador cristão, seja ele uma liderança religiosa, um Agente da Pastoral da Comunicação, um profissional da área ou um animador da comunicação no espaço educativo, deve apresentar um perfil psicopastoral em que se destaque:
 
Uma reconhecida capacidade de se relacionar, o que significa capacidade de manter institucionalmente o diálogo com as várias tendências presentes na comunidade e diocese, assim como capacidade de cultivar uma tolerância responsável.
 
Uma comprovada criatividade na descoberta de soluções para os problemas de comunicação com os quais tiver de lidar, buscando respostas novas e adequadas para situações igualmente novas.
 
Uma condição de visibilidade e de significabilidade, o que significa que o comunicador deve ser importante e significativo para a comunidade, pelo seu testemunho de coerência e tolerância, por sua transparência e sua capacidade de facilitar a todos que se expressem e se comuniquem. Cabe a ele garantir para o receptor o seu lugar de protagonista na comunicação de todas as fases do processo: planejamento, execução e avaliação.
 
Uma abertura para manter-se permanentemente em situação de aprendizagem, fato que levará o APC a buscar permanente atualização nos campos da teoria e tecnologias da comunicação.
 
Enfim, uma profunda abertura para o exercício do diálogo, elemento essencial e específico do projeto cristão de comunicação.”
 
1. ESPONTANEAMENTE PLANEJADO
Normalmente não se colocam juntas estas duas palavras: espontâneo e planejado.
 
Existe mesmo aqueles que acreditam que o verdadeiro deve ser sempre espontâneo. É uma ingênua confusão entre espontâneo e autêntico.
 
O que é planejado pode continuar sendo autêntico e sincero.
 
Não estamos mais, hoje numa em uma sociedade rural e simples onde tudo poderia ser resumido em moradia, praça, igreja e trabalho. A complexidade da urbanização da sociedade (mesmo nas pequenas cidades) exige que as pessoas planejem a própria comunicação, sob pena de ficarem totalmente marginalizadas.
 
A informação sobre a realidade, verdadeira ou não, chega através dos Meios de Comunicação Social e, para muitos, é só isso que vale.
 
Os processos de comunicação estão se tornando cada vez mais complexos em todos os momentos da vida do homem e da mulher: na família, no trabalho, na educação, na sociedade, no lazer, na cidadania, etc.
O povo de Deus quer participar da renovação dos processos de comunicação a partir do amor-serviço proposto por Cristo.
 
Dentro desta perspectiva, vem sendo construída a Pastoral da Comunicação: importantíssima para a Igreja no Novo Milênio.
 
1.1. Planejamento da comunicação da e na Igreja
 
O planejamento da comunicação é uma das exigências expressas pelo documento Aetatis Novae que justifica a presente reflexão.
 
Embora saibamos que existem diversas maneiras de compreender a Pastoral da Comunicação, assumimos o seguinte conceito: é a pastoral do ser / estar em comunhão / comunidade. É a pastoral da acolhida e da participação; a pastoral da inter-relações humanas, a pastoral da organização solidária e do planejamento democrático do uso de recursos e instrumentos que facilitem o de informações e de manifestações das pessoas no interior da comunidade ou da comunidade para o mundo que a rodeia.
 
Neste sentido, a preocupação maior da Pastoral da Comunicação será a vida da comunidade; a criação de condições para que seus membros possam expressar-se com liberdade; a acolhida aos novos membros, a valorização das festas e das datas significativas; o planejamento participativo das campanhas e demais atividades que envolvam os meios e processos de comunicação, enfim, a gestão democrática dos processos comunicacionais.
 
A outra dimensão da Pastoral da Comunicação aponta para a relação da Igreja com todos os diversos segmentos da sociedade e os diferentes meios de comunicação. Nessa relação, a Igreja se utiliza de todos os instrumentos possíveis para cumprir sua missão.
 
Não se deve, contudo, reduzir a Pastoral da comunicação exclusivamente ao uso dos instrumentos ou recursos da comunicação, como os meios impressos ou audiovisuais, sem a devida reflexão sobre o papel desses instrumentos no processo de comunicação da comunidade eclesial. Tal simplificação pode favorecer ou fortalecer o monopólio da fala no interior da Igreja, comprometendo a Pastoral de Conjunto, além de propiciar um contratestemunho do verdadeiro sentido dos processos de comunicação como ação evangelizadora.
 
A Pastoral da Comunicação, desse modo, perpassa, pela própria razão de ser, as ações das demais pastorais, animando-se e colocando-se a seu serviço, tendo como referencial programático a Pastoral da Conjunto.
 
A partir desses princípios, cabe a todos e a cada um dos fiéis o desenvolvimento da Pastoral da Comunicação em seus respectivos campos de atuação. No entanto, a complexidade das ações comunicativas exige que se pense na presença de um agente qualificado para a Pastoral da Comunicação.
 
1.2. Natureza e abrangência do planejamento da Pastoral da Comunicação
 
Conforme recomenda o subsídio “Pastoral da Comunicação (rumo ao ano 2000), Planejamento Integrado”, produzido pela Equipe de Reflexão do Setor de Comunicação Social da CNBB, em1995, as ações comunicativas devem ser planejadas.
 
Como nas outras áreas de pastoral, o planejamento da Pastoral da Comunicação deve caracterizar-se, inicialmente, por ser integrado, participativo, estratégico e aberto à avaliação.
 
Planejamento integrado é todo aquele que tem como referencial os diversos planos pastorais e se coloca a serviço deles. Sendo assim, deve preocupar-se, também, com a abrangência geográfica ou territorial das ações previstas, considerando as áreas para as quais se planeja: todo o país, uma diocese, uma comunidade, uma instituição.
 
Dada a concepção da natureza dos processos de comunicação que devem ser fortalecidos pela Igreja, presume-se que o planejamento de sua pastoral deva ser eminentemente participativo. Necessita, para tanto, contar com a presença e a interferência de todos os seguimentos envolvidos na implementação dos planos, programas e projetos.
 
Todo o planejamento deve situar-se em relação à instituição que o promove, ao contexto socio-cultural-político-econômico em que se situa, às necessidades e públicos que pretendem atender e às grandes metas estabelecidas para o conjunto de ação pastoral.
 
Sendo assim, o planejamento integrado e estratégico deve preocupar-se, também, coma abrangência geográfica ou territorial das ações previstas, considerando as áreas para as quais se planeja: todo o país, uma diocese, uma comunidade, uma instituição.
 
Recomenda-se às instituições da Igreja que promovam uma profunda avaliação de suas políticas e práticas de comunicação, à luz dos princípios e métodos aqui sugeridos, antes mesmo de elaborar planos (grandes metas a serem alcançadas a longo prazo), programas (campos de ação, derivados dos grandes planos, que apontam para objetivos setoriais a serem alcançados a médio prazo) e projetos (ações previstas nos programas, destinadas a atender a necessidades e realidades específicas, com prazo definido para início e conclusão).
 
1.3. Fases do planejamento da Pastoral da Comunicação
 
Um planejamento integrado, participativo, estratégico e aberto à avaliação deve levar em conta minimamente as seguintes fases:
 
Estabelecimento das referências e dos critérios gerais;
 
Identificação das necessidades, problemas e prioridades;
 
Definição das grandes metas, que levam a planos, programas e projetos;
 
Levantamento das ações a serem desenvolvidas nos vários planos, programas ou projetos;
 
Identificação dos responsáveis pela implementação das ações previstas;
 
Levantamento dos recursos necessários;
 
Fixação de cronogramas e dos processos de avaliação.
 
As dioceses, paróquias e comunidades devem criar suas próprias metodologias de planejamento.
 
2. EXEMPLOS OU LIÇÕES, NUNCA MODELOS
 
Apresentamos, agora, uma série de atividades que estão sendo desenvolvidas em várias comunidades por Equipes de Pastoral da Comunicação.
 
Podem ser exemplos estimulantes ou lições para se fazer melhor; só não é uma lista de modelos a serem seguidos pois, como já foi apresentado, o primeiro passo é planejar a partir da realidade na qual a Equipe está inserida.
 
2.1. Projetos para oferecer ocasião de diálogo dentro da comunidade
 
A Equipe de Comunicação pode desenvolver uma série de projetos com o objetivo de favorecer o diálogo entre as pessoas que freqüentam a comunidade e entre os vários grupos que formam a comunidade.
Estes projetos podem ser desenvolvidos através de: pesquisas, entrevistas, debates em grupos ou outros.
Garantir o protagonismo de todos é uma das missões da Equipe de Comunicação.
 
2.2. Cursos de formação de agentes da Pastoral
 
Todos os agentes da Pastoral da comunidade fazem comunicação e, por isso, podem ser convidados a refletir sobre a própria prática. Ex.: como usam o vídeo na catequese?; como são as palestras do curso de noivos?; como são os folhetos da pastoral da saúde?; etc.
 
A Equipe de Comunicação pode se oferecer para refletir em conjunto sobre como a comunicação acontece em cada pastoral, tendo sempre presente que todos aprendemos juntos, e sempre haverá passos a serem dados para que ocorra uma comunicação melhor.
 
2.3. Programação visual dos ambientes da comunidade
 
A Equipe de Comunicação, em parceria com a Equipe Litúrgica, com a Pastoral da Acolhida, da Catequese e outros, pode desenvolver um trabalho relacionado com a arrumação da igreja, do salão paroquial e da secretaria, tendo como objetivo, torná-los mais acolhedores e sendo sinais que explicitem a mensagem da própria comunidade a todos os que a visitam.
 
Este projeto pode incluir: elementos de decoração, construção de ambientes apropriados para atendimento, produção artística de cartazes e “banners”, etc.
 
A Equipe pode ajudar a comunidade a ser mais acolhedora, primeiro passo para realizar a comunicação.
 
2.4. Promover a acolhida nas secretarias paroquiais
 
Um momento importante de comunicação da comunidade acontece na recepção que a secretária plantonista oferece às pessoas que procuram o atendimento para sacramentos, documentos e informações.
 
A Equipe de Comunicação pode ajudar a melhorar este serviço cuidando do ambiente físico, treinando as pessoas atendentes, produzindo folhetos informativos, etc.
 
A comunicação interpessoal, importante, a qualquer instituição, é vital para a Igreja.
 
2.5. Campanhas da Comunidade
 
Em parceria e a serviço das várias Pastorais, a Equipe de Comunicação ajuda a elaborar toda a estratégia de campanhas que têm como objetivo, envolver a Comunidade com cartazes, notas nos jornais e rádios, folhetos e contatos pessoais.
 
Estas campanhas são muito importantes para se construir a Imagem da Comunidade: Campanha para os Flagelados, Campanha de Agasalhos, Campanha da Fraternidade, Campanha de Inscrição na Catequese Sacramental, Campanha de Reforma da Capela, Campanha de Sustentação das Obras da Igreja, etc.
 
2.6. Boletim interno da Comunidade
 
Com o objetivo de integrar os vários seguimentos vivos que compõem a rede da comunidade, o “Boletim” divulga notícias, comemorações, necessidades e atividades de cada movimento, pastoral ou comunidade de base.
 
É um veículo da vida interna da comunidade. Deve procurar dar voz a todos os que a constróem e não só aos coordenadores, e muito menos só aos membros da Equipe de Comunicação.
 
2.7. Jornal da Comunidade
 
É um jornal com características missionárias, escrito para quem é participante da comunidade, porém, não pertence ao grupo dos que estão comprometidos com sua estrutura.
 
Tem um estilo aberto, dialoga com a sociedade e trata de assuntos de interesses mais gerais. É um convite a participar mais inteiramente da comunidade. Sua distribuição procura atingir as pessoas que freqüentam e as pessoas que podem vir a freqüentar a comunidade.
 
Não é centrado na estrutura da Igreja; é centrado no leitor.
 
2.8. Manter atualizado o Jornal Mural
 
Em muitas comunidades, uma forma eficiente de comunicação é o Jornal Mural.
 
Com letras grandes e textos concisos, o Jornal Mural tem a função de motivar e informar a comunidade.
 
Com atenção e bom gosta, pode-se fazer um Mural eficiente que não seja só um amontoado de cartazes e avisos.
 
A Equipe de Comunicação pode assumir o compromisso de colher o material da comunidade e expô-lo devidamente.
 
2.9. Folhetos de evangelização/catequese
 
A equipe de comunicação, em parceria com os grupos responsáveis pela catequese, prepara pequenos folhetos para serem distribuídos em ocasiões especiais ou para grupos determinados.
 
Os folhetos tratam de um único tema com o objetivo de conscientizar, informar ou animar, e pode ser sobre: a vida do Santo padroeiro, com oração para ser distribuída na época da festa; o momento do ano litúrgico e suas características; a celebração do sacramento para os noivos ou crismandos.
 
2.10. Capacitar e organizar as pessoas que fazem o registro em vídeo e foto das celebrações
 
O desejo de guardar uma recordação da celebração da Primeira Eucaristia ou do casamento tem atraído, cada vez mais, pessoas para estes serviços contratados pelas famílias.
 
A Equipe de Comunicação pode ajudar a organizar esta atividade, orientando sobre quais os pontos mais importantes e prevenindo abusos.
 
A parceria com estes profissionais pode ser um caminho para pequenas produções da comunidade com o objetivo, não só da lembrança de eventos, mas, também, de registro de experiências e trabalhos formativos da comunidade.
 
2.11. Organizar grupos de Leitura Crítica da Comunicação
 
Os meios de comunicação de massa, com freqüência, exercem sobre as pessoas uma força de sedução que pode diminuir-lhes a capacidade crítica.
 
É uma experiência consagrada dentro de uma pastoral da Comunicação, o favorecimento da leitura crítica da comunicação, principalmente através de grupos.
 
Os grupos podem ser reunidos através de várias propostas; por exemplo:
 
Grupo de estudo da Comunicação: reúnem-se periodicamente com um programa cujo objetivo é ampliar a própria consciência crítica sobre os vários temas e os vários meios de comunicação;
 
Grupo de estudos sobre tema ou evento de sucesso: o projeto é circunscrito pelo interesse do momento:
 
Pode ocorrer também o caso de um grupo que está estudando determinado tema queira analisar a partir da comunicação este mesmo tema
 
Os temas de leitura crítica podem ser os mais variados: cinema, TV, rádio, disco, livro infantil, um filme, em vídeo, sobre família com os noivos, os tele-jornais com um grupo de pais, a última telenovela com as famílias, a canção de sucesso com um grupo de jovens, um filme sobre preconceito com um grupo de crianças da catequese, os vários jornais da cidade com um grupo de professores, as histórias em quadrinhos com um grupo de catequistas, cine-club para jovens, etc.
 
A Equipe de Pastoral da Comunicação poderá encontrar apoio para a realização destes debates na presença de especialistas das várias áreas ou seguir sugestões de roteiros disponíveis em livros; porém, o mais importante é o próprio debate onde as várias opiniões podem ampliar a consciência sobre a mensagem recebida.
 
2.12. Divulgar vídeos para a formação e lazer
 
O objetivo é favorecer a divulgação de bons filmes em vídeo para famílias e jovens.
 
Algumas comunidades chegam a montar pequenas locadoras; porém o alto custo e a dificuldade em se manter uma ampla opção de escolha, torna este projeto viável somente em circunstâncias especiais.
 
É possível, porém, a divulgação de listas de filmes recomendados, ou mesmo, em parceria com locadoras comerciais, se criar esquemas de promoção dos filmes recomendados.
 
2.13. Presença junto aos comunicadores profissionais
 
Os profissionais da comunicação que militam na rádio, TV e jornais locais são os destinatários privilegiados da Equipe de Comunicação.
 
É muito importante se fazer um convite explícito para que integrem a própria equipe.
 
Dentre as grandes pautas de ação, nesta área, destaca-se o compromisso de favorecer aos meios de comunicação quando fazem a cobertura de temas e fatos da Igreja, lutar pela liberdade de informação e expressão em todos os níveis, etc.
 
A Equipe de Comunicação pode se constituir numa confiável fonte de informações sobre os temas religiosos e Pastorais e uma referência segura para o jornalista que deseja entrar em contato com pessoas da Igreja.
 
O Dia das Comunicações, celebrado no Domingo da Ascensão, é uma ocasião para valorizar os profissionais da comunicação.
 
2.14. Manter um programa de Rádio
 
A Igreja pode manter vários estilos de programas radiofônicos. A Equipe de Comunicação pode ajudar a manter o caráter interativo destes programas, isto é, garantir a participação ativa de vários seguimentos da comunidade e dos ouvintes.
 
Um dos caminhos será a formação de uma “rede de comunicadores populares” que apresentem a vida da comunidade e da Igreja local no programa.
 
O valor do rádio como meio de comunicação popular de grande alcance vem se confirmando. É importante que a Equipe de Comunicação garanta a presença da Pastoral no rádio através de um programa ou de uma programação bem feita.
 
2.15. Manter uma coluna no jornal local
 
A Equipe de Pastoral da Comunicação pode ajudar a comunidade a manter uma presença constante nos meios locais de comunicação.
 
Os jornais, com freqüência abrem, esta possibilidade, sem grandes custos.
 
A Equipe irá auxiliar para que esta presença mantenha uma linguagem adequada e a atitude de diálogo.
 
Gente que faz!
As Equipes de Pastoral da Comunicação estão levando à frente dezenas e dezenas de projetos adaptados às necessidades e às condições de suas comunidades, paróquias e dioceses.